Um Diário de Recordações

Os bailinhos da minha adolescência são um capítulo à parte. Eu adorava! Era a oportunidade de conhecer novas pessoas, de dançar e ouvir música. As festas geralmente aconteciam na casa (leia-se garagem) de algum amigo. Os meninos levavam a bebida e as meninas um prato de doce ou salgado. Cada um levava o seu disco preferido e claro... não podia faltar a vassoura!! Com ela havia a possibilidade de nos livrar daquele cara chato e encontrar o par perfeito! Foi num desses bailinhos, no aniversário da minha amiga Malu, que aconteceu o meu primeiro beijo. Isso me causou um problemão: meu irmão, que também estava lá, dedou pra minha mãe! Ela nem sabia que eu estava namorando e eu levei a maior bronca: - Onde já se viu beijar na boca!!! Por fim... ela aceitou esse fato novo...e ficou tudo bem! Bons tempos...

Credo!!! Quem diria ... Olhá só o que eu já fazia com 12 anos: "A Moda A Moda muda É calça ou blusa É saia com babado É cabelo enrolado É calsa até o joelho (calsa???) É blusa até o cotovelo É muito batom É perfume ruim ou bom A moda é criatividade Da vida, é liberdade É coisa bonita Está sempre bem vestida Tem moda de Pariz (Pariz???) Que todos pedem bis Tem moda no Brasil Que é com o Clodovil." (26/05/80)

Precisava ser um capítulo à parte... depois de tantos filmes juntos! Bom... A Carla estudou comigo até a 4a série (acho eu). Seu irmão, João Carlos, era uns dez anos mais velho e fazia faculdade de medicina no Rio. Ela sempre me convidava para ir brincar na casa dela. E era uma delícia! Lá estavam todas as bonecas, roupinhas, panelinhas e coisinhas que toda menina sempre sonhou. Além disso, havia uma piscina!!! A casa era enorme... brincávamos a tarde toda, fazíamos aquela bagunça... e nem precisávamos arrumar depois. A mãe dela tinha empregada!!!! Às vezes, eu voltava na semana seguinte e a comidinha da semana anterior estava "verde" na panelinha. Só me esperando pra brincar! Mesmo na adolescência, quando já não estudávamos juntas, ela continuou me chamando para ir à casa dela. A mãe (D. Aurea) preparava um frango recheado com farofa para o almoço e ficávamos na piscina o dia todo. Era o máximo! Quando o irmão, João Carlos,  vinha do Rio para passar uns dias com...

Olha só como eu sofria!!!!

Era o ano de 1974!!! Estávamos de mudança para uma casa enorme...(Para o meu tamanho é claro!) Lembro de ir com a minha mãe preparar tudo para a mudança. Ia eu e minha irmâ. Comíamos um lanchinho: Danone com sanduiche de presunto e queijo. Passávamos a tarde toda brincando na casa ainda vazia. Adorava... Quando mudamos, a avenida não tinha qualquer movimento. O aeroporto era o único ponto de referência para aquela "periferia" da zona sul. Uma pequena favela já existia no final da rua. Andávamos de carrinho de rolimã nas ruas recém asfaltadas que ficavam atrás da casa da minha mãe. Começaram a construir uma igrejinha lá perto: a Cristo Rei. Olha só a balança que tínhamos no quintal: Era no quintal também que fazíamos as brincadeiras com a mangueira, escorregando pela escada ou pelo chão ensaboado. Mais tarde minha mãe comprou um cachorro para minha irmâ. Era o Kiko. Um poodle preto. Também tínhamos um papagaio (Napoleão) que falava um mon...

Estava pensando agora no meu primeiro baile... Sei que eu tinha 11 anos...Estava na 5a série. O baile foi no pátio do meu colégio (João de Barro). O Luizinho e o Neno coordenaram o "super-mega-som". Era um sábado... e minha mãe fazia uma feijoada para a família toda. Na ocasião ela me advertiu: não vai comer cebola! Não dá para ir ao baile depois! (Eu adorava cebola crua!!!) Não me lembro muito bem do baile em si. Só sei que os meninos tinham que tirar as meninas para dançar. E a melhor parte era quando tocava música lenta! Você lembra?

Tive, por muito tempo, a minha irmâ como minha melhor amiga. Havia um cantinho, no quartinho de empregada da casa da minha mãe, que era só nosso. A gente montava duas casinhas de boneca. Cada uma tinha seu lado no quartinho. Juntávamos a mamãe Suzi, o papai Beto, nossas filhinhas “Picolinas” e um "mundarel" de coizinhas que inventávamos. Fazíamos até rolinho de papel higiênico. Ocupávamos todo o cômodo e a casinha ficava montada por meses. Brincávamos a manhâ toda. Só aparecíamos na cozinha perto da hora de ir para a escola, depois de um grito da minha mãe. Lembro quando isso acabou: fui para a 5a série. Surgiram muitas novidades. Já era uma moça. Não ficava bem brincar de boneca! Bjs Rê!

Não me lembro desde quando me interessei por música, mas sei que faz muiiitoo tempo. Eu ouvia a rádio América. Acho que era AM. Nem sei se tinhamos rádio FM. Achei isso no meu diário:

Diretamente do fundo do baú!

Nossa, Talvez este tenha sido o encontro mais emocionante que eu tive com o meu caderno de recordações. Minha mãe não é do tipo beijoqueira e carinhosa. Mas é uma pessoa incrível. Com valores que eu ficaria horas só para dizer. Encontrar uma dedicatória sua no meu livro de recordações foi muito louco. "Renata, Preserve no cumprimento exato das obrigações de agora. Coloque amor em todo o trabalho que executar, mesmo sendo ele humilde, monótono e pequeno. Só assim você receberá a graça do outro trabalho grande, vasto e profundo com que está sonhando. De sua mãe que lhe deseja toda a felicidade do mundo! Magali" Hoje é aniversário da minha filha... E coloquei essa mensagem no Orkut dela. Eu também tinha 16 anos quando minha mãe me escreveu isso. Passaram muitos anos, mas eu tenho comigo que fiz o possível para ser assim. Bjs