Casa da Vila

Era uma casa pequenininha, germinada com outras 6 casas.
(Aliás... muito parecida com a casa que a minha amiga Ana mora).
Dois quartos e um banheiro na parte superior. Uma salinha, cozinha na parte inferior.
Um minúsculo quintal e uma edícula.
Éramos pequenos e eu e meus irmãos dormíamos no mesmo quarto.
Quando dava seis horas da tarde minha mãe colocava todo mundo na cama.
Ouvia nossos protestos: - Tá todo mundo brincando na vila!
Dormíamos. Não tinha argumento que a fizesse mudar de idéia!
Havia muitas crianças na vila. Quase todas da mesma idade.
Brincávamos de amarelinha, corre-cotia, pega-pega, bola, bicicleta...
No verão arrancávamos o piche que ficava no cimentão e fazíamos bolinha de gude.
Eu... que sempre adorei cebola, comia a infeliz e saia correndo atrás dos meninos, dando baforadas, só para perturbar.
Meu irmão rachou a cabeça... ou melhor... quase teve a orelha decepada numa bicicleta!
Aliás... ele vivia se acidentando...
Minha mãe o levou pra benzer no padre Gregório, da Igreja de São Judas.
Era um padre milagroso...Meu irmão não se acidentou mais.
Na vila tinha a Tude e seus dois irmãos, a Kátia (que era surda) e seu irmão, o Rui, a Fernanda...
Um dia minha mãe comprou uma casa maior perto do Aeroporto e mudamos.
De vez em quando voltávamos para a vila para encontrar os nossos amigos.
Esses passeios passaram a ser cada vez mais esporádicos. Até que um dia não voltamos mais.
Nossos amigos também tinham mudado de lá.
Bjs